Reconheço que, depois das imagens transmitidas no programa da manhã de Pedro Moura, na RTP-A, com a chegada e primeira viagem a Santa Maria do segundo navio da Atlânticoline - Hellenic Wind - que irá operar este verão inter-ilhas, não esperava a notícia que abaixo transcrevo quase na íntegra, veiculada no Telejornal das 13,00 na mesma RTP-Açores:
“A Siturpico sócia maioritária na Transmaçor vai vender a sua participação. José Almeida diz que o negócio e deficitário e já informou o Governo da sua decisão. O Empresário Jorgense remete para o Executivo Açoriano as responsabilidades quanto ao actual estado da Transmaçor: “de facto isso vai ser uma realidade, porque de facto a Transmaçor não tem capacidade financeira para se manter a operar. É verdade que a Secretaria Regional do Turismo nos apoiou, (…) está pagando o serviço público, mas isso não é suficiente, devia ter sido dado há 7 anos atrás quando foi solicitado, a Secretaria Regional do Turismo achou que, não sei quem de direito, não resolveu essa situação (…) já manifestei com o Sr. Presidente do Governo e com o Sr. Secretario e esperamos que o Governo (a Região Autónoma), como Sócio com 27% da Transmaçor, tem uma certa responsabilidade, portanto que assumam a Transmaçor, o serviço público que é necessário aqui no triângulo.”
Expresso das Ilhas- TRANSMAÇOR
É revoltante para o cidadão comum, vermos ou percebermos que se deixou chegar a Junho, para se trazer a público estes assuntos, quando e segundo o Sr. Empresário afirma, há sete anos que sente “dificuldades quanto ao serviço público”. É que só é empresário quem quer e para tal ninguém é obrigado a sê-lo. Não sei se a gestação desta empresa foi a melhor solução na altura, mas hoje só queremos manifestar a nossa admiração pela coragem e arrojo com que o então secretário regional, Dr. Tomás Duarte Júnior, promoveu a junção, das diversas empresas que operavam com os “barcos da fronteira” à Empresa das Lanchas do Pico, surgindo assim a "Transmaçor - Transportes Marítimos Açorianos, L.da.", fundada em 22 de Dezembro de 1987, resultou da fusão da "Empresa das Lanchas do Pico, L.da", armadora das embarcações "Espalamaca" e "Calheta"; "Empresa Açoreana de Transportes Marítimos, L.da", que navegava com o Iate "Terra Alta" e da "Transcanal - Transportes Marítimos do Canal, L.da", detentora dos tradicionais barcos de boca aberta "Picaroto" e "Manuel José". A “Transmaçor” mantém actualmente ao seu serviço uma frota constituída pelas embarcações "Cruzeiro das Ilhas", "Cruzeiro do Canal", “Expresso das Ilhas” e "Expresso do Triângulo".
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HELLENIC WIND - ATLANTICOLINE
Mas vejamos agora a notícia publicada a 29 de Março de 2007, no jornal “A UNIÃO” de Angra: “TMG’s interessada em comprar Transmaçor - sendo José Almeida sócio maioritário da empresa que tem realizado isoladamente o transporte marítimo de passageiros inter-ilhas do Grupo Central, nomeadamente entre as chamadas ilhas do Triângulo (Faial, Pico e São Jorge), em caso de aquisição da frota da Transmaçor, a empresa graciosense acabará por ficar com o monopólio do transporte marítimo nas cinco ilhas centrais do arquipélago. No entanto, este que poderá vir a ser um negócio de milhões apresenta, à partida, um entrave que se pode considerar substancial para a concretização prática do desiderato: as avultadas dívidas da Transmaçor, essencialmente, por causa do serviço público de transporte marítimo de passageiros e viaturas inter-ilhas no ano passado. Em causa está, pelo menos que se saiba publicamente, um total superior a 530 mil euros (106 mil contos) de dívidas que a empresa de José Almeida (…), têm de pagar à sociedade anónima de capitais exclusivamente públicos que tem a seu cargo a gestão deste serviço, a Atlânticoline.”
Este “negócio” então não foi concretizado, não sei se porque a situação financeira da empresa já não fosse famosa… e concluímos com outra notícia, também de hoje, da Antena 1/Açores: "Transmaçor" vive uma situação "de caos financeiro/ A denúncia foi feita esta Terça-Feira por José Almeida, que garante "estar o serviço público nas ilhas do Grupo Central do arquipélago dos Açores a ser suportado pelo Grupo Almeida". Segundo aquele empresário do sector dos transportes marítimos do Grupo Central do arquipélago açoriano, o "Governo Regional é sócio, mas, só dá atenção à Atlânticoline". José Almeida já vai dizendo que "deixa a Transmaçor dentro de um mês, tempo que dá ao Governo para investir mais no serviço público de transporte marítimo prestado pela empresa, caso contrário - reafirma, sai". A Antena 1/Açores conseguiu apurar que, até agora, pelas obrigações de serviço público, a Transmaçor recebeu 500 mil euros, até ao dia 1 de Julho recebe mais 425 mil euros e, até ao final do ano, esse valor será, no total, 1 milhão e 700 mil euros.” Longe vão os tempos em que havia na Horta um Expresso que, então era o que nos parecia, tinha viagem programada para o Pico ao fim da tarde, 5 minutos mais cedo, talvez para retirar passageiros ao Cruzeiro, isto no tempo da concorrência entre Expressos da Empresa Almeida e os Cruzeiros da Transmaçor… Lembram-se? Será que também a Atlanticoline terá de “absorver/resolver” este “buraco”?
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